domingo, 6 de abril de 2014

Astrobiologia

A astrobiologia é uma das mais jovens fronteiras da ciência, cujo objeto de estudo é a vida no contexto cósmico. Segundo uma antiga definição da Astrobiologia , ela seria a consideração da vida no universo em outras partes além da Terra. Já a definição atual inclui o estudo da vida terrestre, incluindo os efeitos de ordem astronômica sobre a origem e evolução da vida e a expansão da vida para além da Terra. A astrobiologia é uma grande geradora de transversalidade, seja em pesquisa, em educação ou em cultura. Ela envolve dois objetos tão vastos, a vida e o Cosmos, que, mais que interdisciplinar, são transdisciplinares. Não se trata apenas de um objeto estudado por diversas disciplinas, em uma rede interdisciplinar, mas da abertura de um campo transdisciplinar em que convivem novos objetos e modos de compreensão. Seus temas são essencialmente transversais; a partir dos temas germinais da vida e do cosmos desdobramse água, energia, luz, espaço, tempo, inteligência, significado. Em suas pesquisas e reflexões, a astrobiologia envolve os vários saberes: ciências naturais e da saúde, humanidades e artes, teologia e ética. Mas quais são as questões éticas suscitadas pela astrobiologia? Nicolau de Cusa O filósofo e teólogo Nicolau Krebs, ou Nicolau de Cusa – sua cidade natal, localizada no atual território da Alemanha – nasceu em 1401. Formado em direito, ordenado padre e, depois, cardeal, escreveu obras como De docta ignorantia e De conjecturis, produzidas no contexto do Renascimento. Nicolau de Cusa faleceu em 1464. Para que serve a astrobiologia? Uma primeira questão ética é sobre se seria desejável ou mesmo aceitável a aplicação de recursos – e não apenas monetários – em pesquisas astrobiológicas. A astrobiologia não parece um conhecimento muito útil. Trata-se da velha argumentação dentro de uma oposição teórico-utilitária. De fato, a ciência foi, em suas origens, essencialmente teórica. Datam dos tempos inaugurais da ciência e filosofia, desde os filósofos físicos jônicos, a sumamente teórica questão sobre a pluralidade dos mundos, a precursora da atual astrobiologia. O esforço teórico corresponde a uma dimensão da ciência que sempre a acompanhou, a da reflexão e compreensão antes da ação. Tal postura teórica até chega a atuar como um freio à ação e ao uso demasiados e, no final, controle, manipulação e dominação. Hannah Arendt, no A Condição Humana, assinala esse ponto ao defender que a ciência, no sentido plenamente moderno, consolidado por Galileu, coloca a compreensão das coisas antes do poder sobre elas. A modernidade madura da ciência se opõe ao espírito do Renascimento de busca de domínio sobre a natureza e sobre os homens. Se o Renascimento tivesse prosseguido sem a inibição da nova ciência nascente, logo haveria submarinos, aviões e armas cada vez mais potentes, levando rapidamente a uma devastação muito maior da humanidade e da Terra que a que realizamos até agora. A ciência busca a compreensão de princípios e, portanto, o seu passo é lento e tateante. A técnica procura poder imediato, que pode ser realizada sem o conhecimento dos princípios, mas apenas pela apreensão, muito mais rápida, que é ou não eficiente. Ainda no A Condição Humana, Hannah Arendt julga que o começo da Era Moderna é marcado por três grandes eventos, que a moldaram e definiram: a descoberta da América, a Reforma e o uso astronômico do telescópio. Embora para os contemporâneos desses eventos o mais espetacular dos três deva ter sido a descoberta de um continente desconhecido e o mais perturbador tenha sido o cisma do cristianismo ocidental, o de maior impacto a longo prazo foi a utilização do telescópio como instrumento científico, por meio do qual a física – por intermédio das observações astronômicas – conseguiu desenvolver-se como uma ciência (no sentido moderno da palavra), experimental e quantitativa , capaz de tratar os fenômenos naturais da Terra de uma perspectiva cósmica e formular leis de validade universal. A revolução astronômica revela-se em Galileu uma revolução astrofísica. Visto, então, que o espaço vazio estende-se sem limite em todas as direções e que inumeráveis sementes atravessam em incontáveis cursos um universo de profundidade inatingível ... é improvável no mais alto grau que esta terra e este céu sejam os únicos que existam ... Portanto, devemos nos dar conta de que há outros mundos em outras partes do universo, com diferentes raças de homens e animais.

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